Mel levantou-se em uma manhã fria e bonita. Sorriu para o Sol, olhou para a pessoa mais importante de sua vida pelo espelho e, satisfeita com o que viu, colocou algumas roupas na mochila, uns trocados no bolso e várias ideias na mente. Pegou um pão, um suco, o dinheiro da passagem, a chave e foi, só foi. Quando saiu já deu de cara com a Lua cheia, exuberante em sua presença em um dia pós Superlua e sentiu-se mais em Paz ainda. Chegou na parada de ônibus, deixou alguns passarem e quando sentiu que era aquele, deu o sinal e entrou. Escolheu a cadeira mais alta para admirar a rua durante a viagem. Colocou o fone de ouvido e escolheu com cautela a primeira música do dia, que foi um reggae para variar. A boca cantava em silêncio enquanto a alma gritava aquela boa canção do Natiruts. Durante o percurso observou as pessoas em volta, o quanto parecia cansativa a rotina de todos eles e pensava quantos teriam a mesma vontade que ela e quantos teriam a ousadia e coragem que ela finalmente teve. Desceu do ônibus e caminhou durante alguns minutos para sentir aquela brisa matinal que esfria enquanto você procura os primeiros raios quentes de Sol para aquecer-se. A música não parava e fazia ela se sentir como se estivesse dançando ao invés de andando. Depois de andar o que precisava, parou e encarou o painel, que dizia o destino e horários dos ônibus daquele dia. Mastigou um chocolate para ajudá-la a pensar. Escolheu o que fez seu coração bater mais forte, na verdade ele mesmo escolheu o destino, ela só acatou. A cidade maravilhosa, com Sol, praia, mar e futuras noites à luz da Lua. Comprou sua passagem sem o menor receio. Guardou mais algumas guloseimas na mochila e partiu. Mais uma cadeira de mais um ônibus. Dessa vez pegou o livro do momento, o que a encorajou para ir e continuou à lê-lo. Pela primeira vez sentiu o verdadeiro valor da liberdade. Deixou para trás tudo e todos que a deixavam presa de alguma forma. Deixou o emprego chato, as cobranças chatas e as rotinas entediantes. Infelizmente, como para cada escolha, uma renúncia; deixou para trás também as pessoas que amava. Mas foi preciso livrar-se daquilo tudo por um tempo, e o arrependimento era uma coisa que não constava mais nos seus dias. Os dias de viagem serviram-lhe para descansar e pensar em como estava feliz por fazer o queria. A ansiedade tomava conta do seu interior a cada hora que passava. Até que chegou em seu destino e, como sempre, resolveu caminhar para exercitar o corpo e a mente. O sorriso era constante e a felicidade de estar ali, indiscutível. O dia não poderia estar mais lindo e seus olhos fotografavam cada momento com uma pressa que o piscar não podia acompanhar. Procurar lugar pra ficar pra quê, se podia aproveitar mais antes que o dia acabasse. Correu como se sua vida dependesse disso, o que não duvido, e foi de encontro a areia daquela linda praia, tirou os sapatos e brincou como uma criança, sozinha mas em Paz de Espírito e quando cansou, procurou o melhor lugar da praia. Ficou ali, parada. Olhando para o que mais importava no momento, ver aquele Por do Sol que começaria em segundos. Com o coração afoito, sua alma sentiu o prazer daqueles poucos minutos e seus olhos suaram, não sabe-se ainda se de alegria, tristeza, saudades, ou tudo junto. Quando o dia se foi resolveu procurar um lugar para passar a noite, mas só depois de mais uma caminhada na bera da praia. Mas aí começou a ouvir um som incômodo, não sabia de onde estava vindo e parecia que ninguém mais ouvia. Sentiu seu corpo vibrar um pouco, parecia que tudo estava-lhe escapando pelos dedos e então, acordou. Eram 6h00 da manhã e precisava acordar para a vida, e seguir sua rotina cansativa. Levantou-se e foi, só foi.
Ele foi, nem olhou pra trás, nem sentiu
Foi, nem ligou pros pais, nem mentiu, só foi
Se jogou pro centro da cidade,
Só com a roupa do corpo,
O corpo cheio de vontade de matar,
aquilo que o matava por dentro
Sentir, que ainda vive por um momento .. ♪
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