segunda-feira, 14 de março de 2016

Fria despedida



Como um balde de gelo nas costas no mais frio dos invernos, foi como aquele tapa que veio mais forte do que deveria, ardeu por dentro mais intensamente do que a gente esperava. Eu não estava preparada para esse momento. Ainda não estou. Fiz reserva pra dois na minha vida e não sei o que fazer com o vazio na minha cama. Quando foi que a casa ficou tão grande e fria ? Por que nada parece fazer tanto sentido ? Por que a TV parou de ter graça ? Pra onde foram as receitas deliciosas e as discussões sobre lavar a louça ? Cadê os planos de viagens malucas ? Quando o interesse virou unilateral ? Perdi um capítulo da nossa história enquanto estava cuidando da nossa casa e nem percebi quando seu coração foi embora daqui. Mas você ficou. Ficou só pra me lembrar todos os dias o quão sofrido é a perda de quem nos complementa. Você chega todos os dias, me faz lembrar porque eu te amo e porque eu quero que vá embora. Minha ferida tenta cicatrizar, mas toda semana você se enfia nela e abre um buraco maior que o anterior. A ausência deprime, eu que o diga, mas uma presença dolorosa enlouquece. E preciso que vá embora antes que aconteça. Sabe aquele amor que você sente por mim ? Prova que ele é tão grande como diz, me dá o espaço-tempo que lhe pedi. Vai embora da minha rotina, das minhas noites, das minhas pizzas. Vamos lá, seremos como já somos quando não estamos juntos, só que com mais frequência. Continua colocando todos os outros compromissos no meu lugar e eu me coloco no seu lugar. Eu pensei muito mais do que escrevi. E escrevi bem mais do que falei. Agora vamos nos despedir. Adeus.