sexta-feira, 26 de abril de 2013

Diary



Foi revirando a bolsa guardada há meses que ela encontrou algumas lembranças registradas por alguma razão, escritas à próprio punho com a grafia torta de quem tenta escrever apoiada nas pernas ou no balançar das viagens de ônibus que costumava fazer. Talvez umas dez páginas, no máximo, mas cada página foi uma viagem no tempo instantânea para os dias descritos. Reviveu e ressentiu tudo novamente, cada palavra ruim e cada sentimento bom. Lembrou até do que não estava explicitamente escrito e de quando, sorrindo por sorrir, prometeu àquele que a inspirava que descreveria vossos momentos em toda aquela agenda e que só quando não sobrasse mais nenhum espaço em branco, lhe entregaria. Como visto, não cumprira o prometido e parou de escrever antes mesmo que tivesse 10 minutos de leitura. Talvez uma das últimas inscrições descreva o motivo de não escrever mais ou talvez o motivo ficou perdido naquele ano. Aquele conjunto de folhas com uma capa dura de desenho certamente tinha muita importância para ela, mas sabia que o destinatário não se lembraria mais que durante meses ela parava para avaliar o dia com ele e quando voltava do sonho, escrevia em algum lugar, fosse na agenda, na internet, no celular ou no seu subconsciente. Na tarde daquele dia, um SMS lembrou-a porque escrevia e apoiada nas pernas no tremor do metrô, registrou mais um momento relacionado àquele que é o motivo dos pensamentos bobos dela há quase três anos. Escrevia porque alimentava um sentimento no fututo, e acreditava que Um Dia, juntos, sentariam em uma sombra fresca, abririam em uma página qualquer e relembrariam daquele dia sorrindo, como sempre faziam. Como sabem, uma boa viagem de metrô faz as pessoas refletirem. Depois que escreveu aquele dia, ela sentiu a claridade invadir seus olhos, os sentimentos transbordarem do coração, guardou a agenda na bolsa mais uma vez e resolveu deixá-la lá, sem planos futuros para ela, apenas guardada no momento.



no music

segunda-feira, 1 de abril de 2013

I'm-Possible



E até a peneira se recusa a tampar aquele brilho que outrora me iluminava e agora insiste em me cegar. A pequena onda que me relaxa durante algumas horas vai embora e o Rio me afoga para me lembrar quão grande, complicado e cheio de armadilhas ele é. Eu venho insistindo há anos, por hora mergulhando nas nascentes, e as vezes me molhando só até a cintura. A sensação é extraordinariamente perfeita e nunca quero perdê-la, por isso eu sempre invento desculpas para mim mesma para voltar àquele sublime momento. Quando chega a noite eu sonho vivendo com o Rio como a gente sempre planejava, aí eu acordo e aquela sensação úmida se transforma em apenas mais uma lembrança. Pergunto-me tanto porque sinto algo assim por quem é impossível. Não estamos na mesma sintonia, na mesma época ou na mesma forma. Como posso alimentar tanta esperança se não é nessa vida que nossas almas se completam. Cheio de promessas o Rio me seduz para dentro dele só para arrancar de mim os melhores sentimentos que eu só tenho com ele, porque ele gosta do que sente quando está comigo, gosta da minha alma, de todas as conversas sobre o  futuro que lhe conto e conhece todos os meus defeitos. Mas eu não sou a única a me entregar para as águas, então sofro mais por não conseguir me curar, se é que há uma cura, afinal. Diante de tantas lembranças, sentimentos, momentos, planos, promessas e outras ilusões eu paro para ponderar as coisas e lembro-me porque o tão agitado Rio realmente não renuncia sua liberdade com o mundo, ele é apaixonado pela Lua que o deixa apenas vê-la de longe, mas não o deixa tocá-la e nem senti-la. E ele, como todo ser que ama, nunca perde as esperanças de ficar com a alma mais perfeita para si e também, mesmo com todas as circunstâncias, ainda pensa que um dia poderão ficar juntos. Todos são apenas grandes amores impossíveis !


Talvez não seja nessa vida ainda
Mas você ainda vai ser a minha vida ..
Sem ter mais mentiras pra me ver
Sem amor antigo pra esquecer
Sem os teus amigos pra esconder
Pode crer, que tudo vai dar certo ! ♫ ♪